Solenidade da Ascensão do Senhor é celebrada no quadragésimo dia após a Páscoa da Ressurreição, sendo uma tradição presente em todas as Igrejas cristãs. Desde os primeiros séculos, santos como João Crisóstomo e Agostinho já mencionavam essa celebração, mas sua difusão contou fortemente com a influência de São Gregório Nazianzeno. Como ocorre em uma quinta-feira, muitos países optaram por transferi-la para o domingo seguinte, permitindo que mais fiéis participassem das celebrações litúrgicas. A Ascensão marca o fim da presença física de Cristo na Terra e o início do tempo da Igreja. No entanto, essa subida aos céus não significa ausência, mas sim uma nova forma de presença. O Senhor não se distancia de nós; ao contrário, Ele inaugura um novo tempo, no qual Sua Igreja é chamada a ser Sua viva manifestação no mundo. Olhar para o alto não significa fugir da realidade, mas encontrar nela um propósito maior. A Ascensão é a consumação da obra redentora de Cristo, que, ao regressar ao Pai, nos abre o caminho da fé e da missão. Essa solenidade nos recorda que não basta apenas contemplar o mistério divino, mas é preciso vivê-lo. O céu é a nossa pátria definitiva, mas, enquanto caminhamos na terra, somos chamados a anunciar e testemunhar o Evangelho. Cristo ascendeu ao céu, mas confiou à Igreja a missão de continuar Sua obra, sendo presença viva de Deus entre os homens.

Ele veio ao mundo para nos salvar, passou pela cruz, venceu a morte e agora retorna ao Pai. No entanto, sua partida não significa ausência, mas transformação. “Eis que estou convosco todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Seu amor não nos abandona, pois Ele permanece conosco por meio de sua Palavra, da Eucaristia e da presença do Espírito Santo. Quando os discípulos veem Jesus elevar-se, ficam maravilhados, mas também inquietos. “Homens da Galileia, por que ficais aí a olhar para o céu?” (Atos 1,11). Essa pergunta ressoa ainda hoje: nossa fé não pode ser apenas contemplativa, mas deve nos impulsionar à missão. Jesus nos confia um envio: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). O céu nos espera, sim, mas a missão nos chama, e devemos respondê-la com generosidade. O céu não é apenas um destino futuro, mas uma realidade que podemos experimentar desde já, quando vivemos os valores do Reino de Deus. Como nos exorta São Paulo: “Pensai nas coisas do alto, e não nas coisas da terra” (Cl 3,2). Essa atitude nos faz viver como cidadãos do céu, mesmo enquanto caminhamos na terra.

Mas como cumprir essa missão? Como perseverar na fé diante das dificuldades? A resposta está na promessa de Cristo: “Recebereis uma força, a do Espírito Santo, que virá sobre vós, e sereis minhas testemunhas” (Atos 1,8). O Espírito Santo nos capacita para sermos discípulos missionários, sustentando-nos nas tribulações e impulsionando-nos no anúncio do Evangelho. Que esta solenidade renove em nós o compromisso com a missão que Jesus nos confiou.

Que não fiquemos apenas contemplando o mistério da Ascensão, mas que façamos dele um chamado à ação, vivendo com fidelidade o Evangelho. O céu nos espera, mas até lá, é nossa missão transformar o mundo com a força do amor de Deus.

Oração:

«Senhor, vossa ascensão ao céu me enche de alegria, porque o tempo de estar a vigiar o que vós fazeis por mim acabou e começa o tempo do meu compromisso. O que me confiastes, rompe meu individualismo e estática, fazendo-me sentir, pessoalmente, responsável pela salvação do mundo. Senhor, vós me confiastes o vosso Evangelho, para anunciá-lo em todos os cantos do mundo. Dai-me a força da fé, como destes aos seus primeiros apóstolos, para que o medo não me vença, as dificuldades não me impeçam, a incompreensão não me desanime, mas que eu seja, sempre e em toda parte, a vossa boa nova, reveladora do vosso amor, como foram os mártires e santos na história de todos os povos do mundo».

Fonte: Vaticano News

Que o Espírito Santo nos guie e fortaleça nossa caminhada. Amém!

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