Na grande história da salvação, Deus não constrói Sua obra com perfeitos, mas com os disponíveis. No mês em que voltamos nosso olhar para São Pedro e São Paulo, a Igreja contempla dois homens profundamente transformados pela ação divina: humanos em suas quedas, mas inabaláveis em sua missão. Pedro, o pescador impetuoso, viveu altos e baixos em seu caminho com Cristo. Homem de gestos rápidos e emoções à flor da pele, conheceu o sabor da lealdade e o peso da negação. E, no entanto, foi escolhido para sustentar a Igreja nascente — não por méritos humanos, mas porque aprendeu a recomeçar, a amar novamente, a confiar na misericórdia.

Paulo, marcado por seu passado como perseguidor, tornou-se um dos maiores anunciadores do Evangelho. Sua vida mudou quando foi tocado pela verdade maior: que ninguém é tão longe que não possa ser alcançado por Cristo. Desde então, sua existência foi consumida pelo desejo de levar a luz da fé a todos os povos, sem medo, com paixão e coragem. Ambos representam o mistério da esperança cristã: a capacidade de recomeçar, de perseverar, de acreditar contra todas as circunstâncias. Foram peregrinos de uma esperança ativa, não paralisada pelo sofrimento, mas fortalecida por ele. Em suas jornadas, enfrentaram incompreensões, prisões, rejeições — e, ainda assim, mantiveram acesa a chama da missão.

Hoje, quando tantos sentem o peso da desesperança, Pedro e Paulo continuam sendo faróis. Eles nos mostram que a fé é real quando se torna caminho, que a missão é fecunda quando nasce da experiência com o Ressuscitado, e que a Igreja se sustenta não apenas por estruturas, mas pelo testemunho vivo de homens e mulheres tocados por Deus. Com Pedro, aprendemos que a fragilidade não nos define — o amor fiel sim. Com Paulo, descobrimos que a vocação nasce no encontro e floresce na entrega total. E com ambos, encontramos um chamado comum: sermos, também nós, edificadores da esperança neste tempo em que ela é tão necessária.

“Deus não espera perfeição, mas disposição — e com corações disponíveis, Ele continua construindo a história da salvação.”

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