As fogueiras sempre foram mais do que simples elementos de calor ou iluminação. Elas carregam um profundo simbolismo de encontro, de partilha e de celebração. Nas noites frias, elas reúnem as pessoas; nas festas, indicam que ali há vida, alegria e sentido. Desde os tempos antigos, o fogo tem sido sinal da presença divina, da purificação e da fidelidade. Assim também é a fé: uma chama acesa no coração humano, que aquece, ilumina e transforma. Durante o mês de junho, nas tradicionais festas juninas, as fogueiras ganham protagonismo. Elas não são apenas adereços culturais ou marcas folclóricas — são, para nós cristãos, memória viva de algo maior. Recordam o fogo do Espírito Santo que desceu sobre os Apóstolos no Pentecostes, inflamando de coragem aqueles corações antes temerosos. Foi a partir desse fogo que nasceu a missão da Igreja, chamada a ser luz no mundo.

Ao redor da fogueira, celebramos a vida e renovamos a esperança. Recordamos São João Batista, cuja chegada foi anunciada por uma fogueira acesa no alto de uma colina, sinal de alegria e de boas novas. Como ele preparou os caminhos do Senhor, também nós somos convidados a preparar caminhos de justiça, de paz e de fé no coração do mundo.

A chama da fé que brilha em nossos corações é sustentada pela Palavra de Deus, pelos Sacramentos e pela vida em comunidade. É este fogo interior que nos sustenta em meio às tribulações, que nos consola nas noites escuras da alma e que nos impele a caminhar, mesmo quando o caminho parece incerto. É um fogo que não destrói, mas purifica; que não se apaga, mas se renova, especialmente quando partilhado com o outro.

As fogueiras de junho nos convidam a olhar para o alto e para dentro. Elas nos dizem que Deus está próximo — não um Deus distante e inacessível, mas um Deus que caminha conosco, que acende a esperança onde parece haver apenas cinzas. Ele é a presença viva em nossa história, que se faz pão, palavra, gesto e comunhão. Que, neste mês tão marcado pela tradição, saibamos reacender em nós o compromisso com a fé viva, aquela que não se limita a ritos externos, mas que transforma o cotidiano. Que sejamos, como as chamas ao vento, testemunhas vivas da bondade e da misericórdia de Deus.

E que cada fogueira acesa, seja em nossas ruas ou em nossos corações, seja sinal de que a luz da fé continua a brilhar — não por mérito nosso, mas porque Deus, em sua fidelidade, nunca deixa de acender sua presença entre nós.

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