Há dez anos, o Papa Francisco presenteava o mundo com a Encíclica Laudato Si’, um documento que se tornou referência moral, espiritual e ambiental para líderes, instituições e cidadãos preocupados com o futuro do planeta. Publicada em 24 de maio de 2015, a carta papal continua sendo um chamado urgente à conversão ecológica, à responsabilidade cidadã e à ação coletiva. Desde sua publicação, a Laudato Si’ tem sido amplamente adotada por comunidades religiosas ao redor do mundo. Igrejas, dioceses e grupos católicos passaram a integrar a ecologia integral em suas práticas, promovendo iniciativas como a redução do uso de plásticos descartáveis e a implementação de projetos de energia renovável. Em países como a Malásia, bispos assinaram um compromisso ecológico, incentivando paróquias a adotarem medidas sustentáveis. No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem promovido campanhas como o Junho Verde, que busca mobilizar fiéis para repensarem seus estilos de vida.

A Encíclica propõe uma nova lógica de vida, baseada na fraternidade universal e na justiça socioambiental. O Papa Francisco alerta para os impactos da degradação ambiental e das mudanças climáticas, destacando que a exploração irresponsável dos recursos naturais ameaça os mais pobres. Ele reforça que o meio ambiente é um bem coletivo, e que a propriedade privada deve cumprir sua função social. Além disso, a educação ambiental é um dos pilares da Laudato Si’, incentivando a formação de consciências críticas para transformar a sociedade. O documento denuncia o consumismo desenfreado e a falta de visão política para enfrentar os desafios ambientais, chamando cada indivíduo a assumir sua responsabilidade na preservação da Casa Comum. A Encíclica também se tornou um símbolo do ativismo ambiental, inspirando movimentos e organizações que lutam pela preservação do planeta. O Movimento Laudato Si’, por exemplo, reúne mais de 900 organizações e milhares de ativistas ao redor do mundo. Além disso, a Igreja Católica tem participado ativamente de eventos globais, como a COP30, que será realizada em Belém, no Pará, e contará com a presença de entidades religiosas que defendem a ecologia integral.

O impacto da Laudato Si’ vai além da Igreja, influenciando debates políticos e econômicos sobre sustentabilidade. O Papa Francisco reforça que a crise ecológica não pode ser resolvida apenas com soluções técnicas, mas exige uma mudança profunda na relação da humanidade com a natureza e com os mais vulneráveis. Ao celebrar os dez anos da Laudato Si’, a Igreja propõe um novo ciclo de reflexão e ação, com foco na educação ambiental e na formação de consciências críticas. A mensagem da Encíclica não se limita a uma convocação ambiental, mas representa um chamado à fraternidade universal, reforçando que o cuidado com a criação deve ser uma atuação de cada pessoa e todas as instituições.

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